“Quatro anos perdidos define bem este mandato do Governo de Albuquerque na Educação, mais preocupado com o controlo político sobre as escolas que sobre do sistema – preocupação transversal a todo o Governo". É assim que coordenador do Bloco de Esquerda reage ao 4 tema Raio-X de hoje no DIÁRIO.
Paulino Ascenção diz viver tempos de mudança acelerada e a escola "deve preparar os alunos acima de tudo para se adaptarem as mudanças que irão encontrar ao longo da vida, muito mais que fornecer-lhes conhecimentos específicos. Muitas das ocupações profissionais as quais irão dedicar-se no futuro ainda não existem, a capacidade de aprendizagem ao longo da vida e de adaptação a novas realidades são fundamentais", afirma. E acrescenta: "Isso implica mudanças nas praticas lectivas, abandonar a obsessão pela avaliação quantitativa dos alunos, dos professores e da escola. A burocracia excessiva mata a criatividade e a inovação, retira espaço à reflexão e à partilha de soluções".
Seleccionar as aprendizagens "será sempre o desafio, mas mudar a organização e o sistema de avaliação são necessários para mudar o ensino", sublinha. "Os tablets e manuais, as tecnologias podem ser ferramentas não são o móbil da mudança", observa. O 'bloquista' considera que a lógica da competitividade está subjacente à introdução dos exames e da avaliação das escolas e dos professores. O objectivo, refere, "é criar um clima de competição e quebrar solidariedades e o espírito de equipa, complementado com as formações para o empreendedorismo em todos os níveis de ensino, isso não é outra coisa que inculcação ideológica neoliberal, promoção dos valores do individualismo, do ambição de vencer e de vender como objetivo mais alto da realização pessoal".
A redução demográfica de cerca de mil alunos a menos por ano "é preocupante", mas para este Governo "é uma oportunidade de reduzir custos, encerrar mais escolas – uma lógica de mercearia", critica. Entende que a redução demográfica "é a prova maior do grande falhanço dos Governos PSD e do modelo baseado em fazer obras de milhões para ganhar eleições. Um modelo sem visão de futuro, serviu para enriquecer alguns e condena a maioria à emigração", recrimina o coordenador do BE na Região.
Que prossegue: "Este governo tem apoiado de forma escandalosa e desnecessária o ensino privado, resulta dessa opção um ensino cada vez mais elitista e segregador, que faz dos pobres cada vez mais pobres e dos ricos cada vez mais ricos". Nada de surpreendente, na sua opinião tendo em conta que está perante um Governo constituído por membros de “boas famílias”.
"É fundamental investir na escola pública e apoiar o privado apenas a título subsidiário, só assim se promove a igualdade de oportunidades", apela, lembrando que a "tão propalada liberdade de escolha que o privado oferece é uma falácia para esconder a exclusão social que promove, essa liberdade de escolha está disponível para tem pode pagar apenas!"
Por tudo isto, vinca que o Bloco de Esquerda "compromete-se a apoiar todas reivindicações apresentadas pelo sindicato dos professores", conclui.