Já são alguns, os sinais de que os dias não são os melhores para o turismo da Madeira. Como, e muito bem, escreve hoje no DN Madeira, Filipa Fernandes.
Na perspetiva da Iniciativa Liberal o problema divide-se em 3 pontos: acessibilidade, oferta e procura.
"Na acessibilidade, sofremos com companhias aéreas que deixam de operar para cá, ou por decisão de gestão, ou por falência; condicionamentos constantes da nossa porta aeroportuária; mobilidade que trava a entrada e saída", começou por afirmar o vice-coordenador da Iniciativa Liberal da Madeira (IL Madeira).
"Urge criar um verdadeiro Plano de Contingência para o Aeroporto, que tenha em consideração não só a solução de transporte e alojamento, mas que veja o Porto Santo como verdadeira alternativa de entrada e saída com ligações marítimas rápidas ao Caniçal, e que procure minorar desconfortos. Um plano que envolva todas as partes envolvidas, dos hoteleiros aos operadores, das agências às companhias aéreas e de 'handling', operado a partir de uma 'sala de crise'."
Já no que que toca à mobilidade aérea, a IL Madeira propõe um modelo diferente, que se baseia num apoio que passará pela isenção do pagamento de todas as taxas que um avião paga à chegada e à partida, em voos nacionais. Ou seja, do dinheiro que agora é gasto para apoiar o passageiro residente passaria a pagar-se à ANA as taxas devidas pelas companhias que assegurassem os voos domésticos de e para o arquipélago.
Com isto certamente que teríamos mais companhias interessadas em voar para a Madeira, aumentando assim o número de voos, oferta, fazendo com que os preços das passagens baixassem significativamente porque ficam mais bilhetes disponíveis e que não são onerados pelo pagamento das taxas. Neste modelo, que contempla manter uma tarifa especial para os estudantes, ficam todos contemplados, residentes e não residentes."
No que toca à procura, "a Madeira beneficiou nos últimos anos de circunstâncias excepcionais de procura no turismo, em virtude dos problemas políticos e de segurança de outros destinos alternativos. A indecisão do Brexit também não ajuda nesse nosso mercado histórico. Assim, a atual baixa na procura pode ser circunstâncial e está em larga medida fora do nosso controlo.
É urgente aprofundar a promoção do destino, centrada no consumidor final aumentando assim a sua notoriedade. Um modelo de promoção pró-activo e não reactivo. Aparentemente os prémios de clicks dos óscares do turismo, não têm a eficicácia necessária para mudar esta situação."
Finalmente em relação à oferta, o enorme aumento de camas no Alojamento Local (3000 em 3 anos) mudou o contexto da nossa oferta turística.
"É necessário rever e criar as ferramentas essenciais para que o modelo se estruture: uma Política de Bases para o Turismo, um novo Plano Estratégico de Desenvolvimento Turístico, um Plano de Ordenamento que vincule e responsabilize as autarquias. Sem estes mecanismos como definições estruturantes passaremos o tempo a saltar de crise em crise. Objectivos que têm de ser definidos e trabalhados por todos como verdadeiros desígnios regionais", concluiu Duarte Gouveia.