Sobre o tema do Raio X de ontem, Segurança e Protecção de Dados, Carlos Pestana do JPP recorda que o Regulamento Geral de Proteção de Dados (RGPD) em vigor desde 2018, teve como principal objectivo proteger o cidadão no tratamento que é feito aos seus dados pessoais, nomeadamente no meio digital. Até porque, "no mundo da internet onde tudo parece seguro, mas às vezes não o é, nada como poder estar, pelo menos, seguro quanto ao que é feito com os nossos dados pessoais. Sejam o número do CC, o contribuinte, a morada, o número de telefone, o perfil cultural, enfim tudo o que possa constituir informação para terceiros e que depois possa ser usada com fins menos óbvios."
E recorda: "um exemplo claro e útil do tratamento de dados é o que a Google fez durante anos com a informação que foi recolhendo devido aos picos da gripe. Analisando essa informação, conseguia prever que em determinada altura, iria aparecer um surto e com isso fazer com que as autoridades pudessem atuar por antecipação. Um exemplo menos claro e nada útil foi a polémica instalada à volta do Facebook e que envolveu a apropriação de dados de milhões de utilizadores por parte da Cambridge Analytica".
Carlos Pestana defende que "teoricamente os cidadãos poderão sentir-se mais seguros com esta nova lei de proteção de dados. Agora, sempre que acede a um determinado sítio na internet, pode sempre mudar a política de privacidade. E pode mesmo pedir para que os seus registos sejam apagados. E na cidadania do mundo digital cabe, também, aos políticos um papel da criação da segurança. No limite, com a primorosa ajuda do legislador, cabe aos políticos zelar pelas estratégias de segurança das populações que os elegem."
"A proteção de dados dos cidadãos pode ser encarada enquanto estratégia política", admite. "Mas depois nasce a eterna questão: qual a hierarquia que existe entre política e estratégia. Qual das duas comanda a outra? É a estratégia que vem em primeiro lugar ou a política? Qual se subordina à outra? E que efeitos tem uma sobre a outra? Bem, a estratégia uma é uma ciência que vê o todo, a outra é uma atividade que olha para o momento. Mas as duas são indissociáveis. Ambas fazem parte do xadrez humano, e esse rendilhado deve ser observado como universal", defende.