"Néscios", ou seja, ignorantes, é a classificação que o deputado e professor António Lopes da Fonseca (CDS) emprega para definir quem dirige o sector da Educação a nível nacional e sublinha que "as tecnologias, só por si, não são suficientes para formar gerações cultas", sendo antes necessário um maior investimento nos recursos humanos.
Num comentário à rubrica 'Raio X' publicada na edição impressa do DIÁRIO de hoje, com uma análise ao sector da Educação feita por André Escórcio, Lopes da Fonseca começa por referir que "a Educação não pode ser dirigida por políticos que não estejam imbuídos da prática pedagógica, pois uma grande parte dos dirigentes que temos tido no sector da educação, sobretudo no país, são verdadeiramente néscios em toda a sua componente formativa e educacional, embora se intitulem como detentores de estudos superiores em matérias educativas". "Alguns desses, são simples produtos dos bastidores partidários e muitos não sustentam as suas posições em ideias ponderadas e muito menos em qualquer princípio básico de autoridade ou corrente filosófica", acrescenta.
O parlamentar do CDS argumenta que "as tecnologias, só por si, não são suficientes para formar gerações cultas" e que "nenhuma aplicação de um tablet conseguirá, alguma vez, substituir um bom manual escolar". A este propósito refere que "os estudos recentes realizados em vários países europeus revelam que os alunos que realizam aprendizagens apenas em função das ferramentas digitais, dispensando os manuais convencionais, demonstram ter piores resultados", daí concluir que "todos estes processos exigem ponderação e não precipitação".
Num balanço à actuação do Governo Regional, entende que "uma legislatura de um governo de uma Região Autónoma como a nossa não se pode avaliar, apenas, em função do ano em que se realizam eleições regionais", uma vez que "ao longo da legislatura houve aspectos positivos na governação, mas outros que são menos bons, resultando de precipitações, como sucedeu com algumas fusões/extinções de escolas que perderam a sua autonomia em termos de projecto educativo". Lopes da Fonseca releva o facto dos principais agentes do ensino, os professores, terem visto, por via de decreto legislativo, reconhecido o seu desempenho e mérito enquanto docentes da Região, pois conseguiu-se a contagem integral dos seus tempos de serviço. Todavia, esses mesmos professores ainda aguardam pelas progressões na carreira desde o início do ano, por razões burocráticas, estando a ser prejudicados nos seus vencimentos.
Em jeito de resumo, conclui que "a Região tem perdido oportunidades ao longo de anos". "Não aproveitamos o facto de sermos poucos e nos podermos transformar num excelente laboratório, por exemplo, no ensino profissional e/ou ensino alternativo! Ao invés, continuamos a ter taxas de insucesso e absentismo escolar que nos envergonham. Como eu gosto de dizer, as paredes, só por si não ensinam. Precisamos de investir mais nos recursos humanos, pois só assim poderemos caminhar para um ensino de sucesso", alerta.