Para o Bloco de Esquerda, a relação entre o poder político e as religiões deve reger-se pelo princípio republicano da laicidade do Estado. "O Estado não tem religião oficial e garante a liberdade religiosa e de associação. O Estado não deve promover qualquer confissão religiosa, deve tratar todas com igualdade. O poder político não deve imiscuir-se nos assuntos das religiões, mas todo o cidadão pode e deve participar na política enquanto cidadão, independentemente de ser ou não religioso". Paulino Ascenção reage assim ao 'Raio X' de hoje, assinado pelo padre José Luís Rodrigues.
O Coordenador do BE-Madeira admiter ser "tentador para os governantes procurarem uma legitimação de natureza sobre-humana, mostrarem-se devotos cumpridores dos preceitos religiosos que são os seguidos pela maioria da população", recordando que "no passado os monarcas absolutos apresentavam-se como semi-deuses ou que o seu poder decorria da vontade divina, que nenhum humano poderia portanto contestar. Essas narrativas já não têm grande aceitação no presente", acrescenta.
Referindo que na Madeira, há uma religião historicamente predominante, a Católica, que teve no passado o estatuto de religião oficial e única autorizada, afirma ser "evidente a existência de relações muito próximas entre o Governo Regional e a Igreja ao longo destes 40 anos de Autonomia, desde o apoio à organização no terreno do partido que se tornou hegemónico, às ajudas públicas para a construção de templos e aos subsídios instituições na órbita da Igreja, na educação, saúde e assistência social. Sob uma capa de interesse público foram medidas que ajudaram à perpetuação do poder laranja. No outro lado da moeda temos a perseguição política aos sacerdotes que ousaram discordar dessa linha de promiscuidade com o poder, com natural destaque para o padre Martins Júnior da Ribeira Seca", sublinha ainda Paulino Ascenção.
Afirma ainda que o Bloco de Esquerda respeita as confissões religiosas em linha com o princípio da laicidade do Estado e acrescenta que no partido conta entre os seus aderentes com fieis de diversas religiões – de católicos a muçulmanos.