Ainda há muito está por fazer na Madeira para que a Igreja católica, no plano das relações institucionais, “tenha uma postura responsável e independente relativamente aos poderes, às várias formas de poder nesta terra”, acredita Edgar Silva, num comentário solicitado pelo DIÁRIO ao artigo de opinião do padre José Luís Rodrigues, publicado hoje na edição em papel, na rubrica ‘Raio X’. A Igreja Católica enquanto instituição, “ainda se presta nas inaugurações a deitar água benta”, diz, o que não seria admissível, no seu entender, numa democracia amadurecida.
Ao se prestar a deitar água benta nas inaugurações, “em tudo o que é inaugurado nestas ilhas”, diz o líder da CDU, “nesses actos está a incensar o poder, está a incensar a governação. E isso é apenas uma metáfora para dizer que ainda existem muitas dependências da Igreja Católica em relação ao poder político na Madeira, ainda existem muitas práticas de subserviência”.
No entender do líder dos comunistas, essas formas de dependência e práticas de subserviência devem-se “a orientações que são pouco responsáveis” e, sobretudo, “a uma Igreja Católica que se tem deixado manietar, que se tem deixado armadilhar pelo poder ou pelos poderes que a dominam, que a controlam”.
Esta relação de inferioridade encontra-se em relação ao Governo Regional, mas também ao nível das autarquias e a libertação, caso a Igreja queira, terá de partir de cima. “Tem que haver uma orientação clara”, diz Edgar Silva, defendendo uma reflexão no interior da igreja no sentido de encontrar o caminho para que essa libertação aconteça. “ Devia haver também uma reflexão da parte dos responsáveis do poder político porque uma democracia adulta, uma democracia que tenha níveis de exigência mais elevados também não tolera essas formas ardilosas de dominação, neste caso em relação à igreja”, afirmou, opondo-se à instrumentalização da Igreja Católica.