O líder do CDS, Rui Barreto, não se conforma com a situação por que passa o sector do turismo regional e entende que há "sobejas razões para isso". "Melhor seria que o tempo não nos desse razão, mas quem apresenta soluções de forma atempada, como foi o caso do CDS, e não entra em euforias quando o sector está mais pujante porque sabe que uma parte significativa dessa pujança é o resultado de conjunturas internacionais favoráveis e não de uma promoção sólida e profissional, o melhor mesmo é registar com satisfação os períodos de maior prosperidade mas ser muito prudente", comenta o dirigente centrista, numa análise ao 'Raio X' feito ao sector que foi publicado na edição impressa de hoje do DIÁRIO.
Rui Barreto faz uma abordagem detalhada ao tema: "Desde que este Governo Regional tomou posse há quatro anos, o CDS insistiu sempre na necessidade de atrair para a rota Funchal-Lisboa uma terceira companhia aérea e, ao mesmo tempo, assegurar mais frequências na linha, duas das condições essenciais para reduzir o preço das passagens para os residentes, mas também para o mercado turístico continental e internacional. Sobre este assunto, o então secretário regional do Turismo Eduardo Jesus foi várias vezes interpelado pelo CDS, tendo respondido sempre que o assunto estava a ser resolvido. Quatro anos depois, todos conhecemos os resultados: a terceira companhia nunca aterrou, o número de frequências responde cada vez menos à procura e continua a inflacionar o preço das passagens - aliás cada vez mais elevados, prejudicando fortemente o mercado turístico nacional. O Governo Regional foi recebendo sinais preocupantes, mas preferiu ignorá-los e não responder de forma proactiva porque a conjuntura lhe era favorável. No início de 2018, a própria estatística fazia ressoar as campainhas do alarme. De acordo com a ANA- Aeroportos o mês de janeiro de 2018, na Madeira, registou uma quebra nos dois principais mercados turísticos: a Alemanha (com um decréscimo na ordem dos 24,6%) e o Reino Unido (15,4%). A falência de três companhias aéreas (Monarch, Air Berlin e Niki Airlines) no espaço de poucos meses deixou adivinhar o pior dos cenários. Veio depois a falência da Germania Airlines que fez a Madeira perder 106 mil lugares em aviões. Só depois de alarmado com a descida do mercado inglês e alemão, o Governo Regional correu atrás do prejuízo. Um dos problemas do Governo Regional em relação a este setor é que tem o turismo como um bem adquirido e por isso atua sempre de forma “reativa” e não “proativa”. Deveríamos ter sido ainda mais competentes nestes anos em que foram batidos recordes de dormidas e subida do RevPAR e trabalhado de forma a consolidar a Madeira como destino. Não o fizemos e agora voltamos outra vez aos tempos de incertezas porque países como a Turquia, Marrocos, Tunísia e Egipto não brincam em serviço e estão a investir na recuperação do mercado que perderam. Não é possível que o Governo Regional não entenda que numa região em que 20% da riqueza advém do turismo, 25% da mão-de-obra tem ligação ao turismo e às atividades associadas, que arrecada cerca de 400 milhões de euros em proveitos, apenas tenha uma verba de 15 milhões de euros para a promoção, com reforços apenas pontuais para situações imprevistas. Temos de ser mais sólidos e ambiciosos. Olhar para cima, para outros destinos insulares com resultados encorajadores. Dois exemplos: o peso do turismo no PIB de Canárias é na ordem dos 35% e de 45% nas Baleares. Para já é preciso atrair rapidamente novas companhias para na rota Lisboa-Funchal, aumentar o número de frequências, profissionalizar a promoção e reforçar as verbas para a promoção. É preciso realizar mais trabalho de campo, com intervalos curtos, e as novas tecnologias para que se saber junto dos operadores, agentes de viagens, hoteleiros e dos próprios turistas “quem nos quer, o que é que compra, o que é que precisa e o que é que valoriza e que é que mais aprecia da nossa terra. A Madeira tem de cuidar da paisagem, que está feia e pouco atrativa. Do ambiente e das águas. Do mar. Dos poios, das levadas e dos trilhos. O Governo tem o Plano Estratégico 2017-2021 para o sector, mas nunca foi feita uma avaliação. Temos de ser mais competentes e cuidar melhor do setor que tem mais significado para a economia regional e que mais pode contruir para aumentar a qualidade de vida dos madeirenses".