Na rubrica Raio X do DIÁRIO, no caminho para as eleições regionais de Setembro, hoje o tema abordado foi o Turismo na Madeira e de como está em contraciclo. É apresentada uma análise desenvolvida por Filipa Fernandes, técnica de Turismo, que era dirigente do Nos Cidadãos.
Pedimos, neste caso, à candidatura do PS-Madeira, liderada por Paulo Cafôfo, que nos desse a sua visão/reacção sobre a temática e sobre a análise feita na edição impressa de hoje.
A candidatura faz uma análise muito crítica à condução das políticas, que o actual Governo tem adoptado, falando mesmo em “inúmeros erros de governação por demais evidentes”.
Fica, sem filtros, a posição da candidatura, que aponta alguns caminhos a serem seguidos, como a requalificação do destino, a aposta na formação e o aumento de verbas para a promoção turística.
“O Turismo na Madeira tem vindo a sofrer paulatinamente um abrandamento que terá efeitos nefastos para a nossa Economia no curto-médio prazo, se não forem tomadas medidas urgentes.
Pegando nos dados dos aeroportos da Região, registamos em 2018 menos mil movimentos no aeroporto da Madeira, o que corresponde uma quebra de 3,9%, mais uma quebra de 16,6% de movimentos no Porto Santo. Em 2018 houve menos hóspedes, menos dormidas e menores taxas de ocupação em relação ao ano anterior..
Os números resultam de um conjunto de factores que afetam a nossa atractividade, que congestionam a nossa promoção e criam entraves à vinda de turista. Companhias aéreas que deixam de voar para a ilha, abrandamento em mercados emissores vitais, a feroz concorrência de outros destinos. A estes factores aliam-se outros pontos negativos: o aumento do número de camas quer na hotelaria quer no alojamento local, com pressão sobre o preço; um parque hoteleiro envelhecido e uma falta de aposta na qualificação dos recursos humanos.
Mais alarmante é a demonstração de que não há um caminho definido para inverter este ciclo. Aos sinais de alerta, o Governo Regional atira culpas em todas as direcções. O que existe hoje, contudo, é uma clara incapacidade de colocar em prática um plano de acção para o destino Madeira, e foram vários os apresentados, tendo todos ficado sucessivamente desatualizados e por implementar..
Falta investir no futuro. Investir no Turismo de forma inteligente é assegurar a sustentabilidade económica da Região, o seu desenvolvimento e criação de emprego. Contudo, as verbas para a promoção turística são claramente insuficientes e têm de ser ajustadas a novas formas de chegar e de atrair o turista com rasgo e criatividade, promovendo um destino qualificado e que coloque a pressão na qualidade do destino e não no preço.
Propomos implementar um Plano Estratégico para o setor que tenha como eixos fundamentais a promoção de um equilíbrio entre oferta e procura, garantindo maior rentabilidade e sustentabilidade. Esta será, aliás, pedra fundamental: Adotar a sustentabilidade como prioridade de posicionamento do destino, aliado a um conjunto de incentivos estratégicos que trabalham a valorização do destino Madeira. Entre eles, a garantia de formação e qualificação profissional adequada, ao nível do ensino e de programas de reciclagem de profissionais; a disponibilização de incentivos à requalificação do parque hoteleiro e o reforço das verbas para a promoção turística. De máxima importância os transportes, para o qual contribuirá de forma relevante um mecanismo de captação de novas companhias com vôos directos para a Madeira e a regularização anual de uma ligação marítima para o Continente.
Cabe também ao próximo Governo Regional apostar num programa exigente de requalificação do destino, do património natural, cultural e edificado. Claramente uma área em que temos vindo a perder com inúmeros erros de governação por demais evidentes. A degradação do produto, a inexistência de infraestruturas de apoio ou mesmo a falta de condições de segurança em diversos pontos turísticos não podem continuar a ser uma triste realidade. Marinas e campos de golfe vazios, cujas verbas poderiam ter sido cruciais para a requalificação do destino se usadas com outras finalidades de forma mais ponderada, rigorosa e focada naquilo que o Turismo da Madeira mais precisa.
É preciso um novo caminho. Um caminho diferente que faça a diferença e se preocupe em responder aos desafios do Turismo a médio longo prazo, protegendo a sustentabilidade do nosso destino, da nossa economia, dos nossos empregos, ao invés de uma estratégia de visão curta, obsoleta, sem o rasgo necessário para a afirmação do destino Madeira num contexto global de extrema competitividade externa.
Um caminho que se faça em constante diálogo construtivo com os agentes turísticos, quem está no terreno, a trabalhar, a criar emprego, a contribuir para a promoção da Madeira. Os seus contributos são essenciais.”